MEIO AMBIENTE

Guterres apela a líderes mundiais determinação para responder à crise climática

Secretário-geral da ONU discursou na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 25, em Madri, na Espanha; chefe da ONU lembrou que globo precisa reduzir emissões de dióxido de carbono a ritmo de 7,6% ao ano; para ele, é hora de acabar com a “guerra contra a natureza.”
Um caminho de esperança, de determinação e soluções sustentáveis. Um caminho que mantenha os combustíveis fósseis no terreno e que leve à neutralidade de carbono até 2050.
Uma proposta que não danifique a saúde e a segurança de todos neste planeta. Um caminho que lide, de forma eficiente, contra a crise climática.
Ciência
Foi assim que o secretário-geral da ONU iniciou seu discurso na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP25, aberta neste 2 de dezembro, em Madri, na Espanha.
Para António Guterres, este é o único caminho para limitar o aumento da temperatura em 1.5ºC até o fim deste século. 
Ele lembrou que as melhores informações científicas, expressas através do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, indicam que ultrapassar esta marca levaria o mundo a um desastre catastrófico.
Para o chefe da ONU, a COP 25 é uma oportunidade de tomar a decisão acertada. O secretário-geral voltou a mencionar os protestos de jovens pelo mundo pedindo ação climática imediatamente.
Efeito estufa
António Guterres citou alertas recentes de agências da ONU como a Organização Mundial de Meteorologia que ressaltou os níveis recordes de emissões de gases que causam o efeito estufa. E disse que a última vez que o mundo registrou uma concentração tão alta de partículas na atmosfera foi entre três e cinco milhões de anos atrás.
Os últimos cinco anos também foram os mais quentes da história, desde o início dos registros. Com isso, o mundo teve mais eventos extremos de temperatura e outros desastres naturais como furacões, secas e incêndios florestais.
Guterres lembrou do degelo das glaciais. Somente na Groenlândia, foram 179 bilhões de toneladas de gelo que derreteram em julho. Os níveis dos oceanos também estão subindo mais rapidamente do que o esperado, colocando em risco algumas das cidades mais importantes para a economia mundial.
Oceanos
Mais de dois terços das grandes cidades estão localizados no mar.
Os oceanos absorvem mais de um quarto de todas as emissões de dióxido de carbono, CO2, na atmosfera e gera mais da metade do oxigênio do mundo.
O secretário-geral alertou sobre a continuação de usinas de carvão, em várias regiões do mundo, que continuaram a serem planejadas e construídas em grandes quantidades. Para Guterres, a saída é clara: ou se suspende o que ele chamou de “vício de carvão” ou todas as ações para combater a mudança climática serão fadadas ao fracasso.
Mas os combustíveis fósseis são somente uma parte do problema. O outro são agricultura, transporte, aço, cimento e outras indústrias baseadas numa produção intensa de carvão.
Guterres disse que o mundo tem que mudar de formas rápida e profunda a sua maneira de fazer negócio, de gerar energia e de construir suas cidades, assim como de se locomover e de se alimentar.
Vida em risco
Caso não haja esta mudança de vida, a vida mesma estará em risco.
Ele voltou a defender um preço para o carbono assim como impostos sobre o produto, nenhuma construção nova de usinas de carvão depois de 2020 e o fim do financiamento dos contribuintes para o que ele classificou de “subsídios perversos a combustíveis fósseis”.
Para Guterres, a transição para uma economia verde é apenas uma transição e é preciso neste processo cuidar dos trabalhadores que serão impactados com todos os recursos de uma rede de previdência social, educação a longo prazo e novos postos de trabalho.
O chefe da ONU lembrou que ninguém muda sozinho, mas que todos devem cooperar neste processo.
O plano é claro: para limitar o aumento da temperatura em 1.5ºC até o fim do século será preciso reduzir as emissões de CO2 em 45% dos níveis de 2010 até 2030 e alcançar a neutralidade em carbono até 2050.
Para se chegar a este patamar, o mundo precisará reduzir as emissões em 7,6% ao ano.
G-20
Guterres disse que os governos precisam honrar seus compromissos estabelecidos no Acordo de Paris sobre Mudança Climática em 2015.
O chefe da ONU lembrou que convocou um Encontro de Cúpula sobre Ação Climática em setembro com este propósito. E que está feliz com a decisão de muitos países e investidores a abandonar os combustíveis fósseis em suas matrizes e produção.
Mas alertou que muitos países ainda estão longe de fazer o mesmo.
Ao elogiar a decisão do Banco Europeu de Investimentos pelo anúncio de que irá suspender todos os projetos baseados em combustíveis fósseis até o fim de 2021, Guterres lembrou que os países do G-20 precisam iniciar mudanças. Juntos, as 20 maiores economias do mundo produzem 75% das emissões globais de CO2.
Povos índígenas
Para ele, os maiores emissores precisam fazer mais aumentando suas contribuições nacionais no próximo ano, como previsto no Acordo de Paris. Segundo o chefe da ONU todos os temas pendentes da COP 24, especialmente a falta de consenso sobre o Artigo 6, que requer mudanças nas ações nacionais devem ser resolvidos.
Sem isso, os esforços de outros nessa área serão minados.
Guterres finalizou dizendo que a COP 25 é o momento de se alcançar avanços no combate à crise climática.
O secretário-geral lembrou que a COP também tem que avançar em temas sobre desmatamento, povos indígenas, cidades, financiamento, tecnologia, gênero e muitos outros.
Guerra contra a natureza
Para Guterres, não há tempo a perder. E a reunião em Madri deve apresentar ao mundo determinação para mudar o curso atual da crise climática. Segundo ele, é hora de acabar com a guerra contra a natureza. E é preciso lembrar que o mundo precisar assegurar pelo menos US$ 100 bilhões por ano para ações de mitigação e adaptação nos países em desenvolvimento.
Segundo Guterres, as decisões tomadas este ano em Paris e na preparação para a COP 26, em Glasgow, na Escócia, estão sendo observadas pelo mundo e por multidões que exigem mudança. Para ele, é hora de demonstrar a vontade política que o mundo espera para não trair as gerações presentes e vindouras sobre este tema.

ONU

 

Redação

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