GERAL

Escolaridade da mãe impacta no nível de alfabetismo e emprego dos filhos

Pesquisa do Ipea também aponta que filhos de mães sem estudo apresentam maior dificuldade para lidar com interfaces digitais
Um estudo publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que quanto menor a escolaridade da mãe, menor o nível de alfabetismo, a probabilidade de exercer trabalho remunerado e as habilidades para o manuseio de tecnologias por parte dos filhos. A análise se baseia em dados da pesquisa Indicador de Analfabetismo Funcional 2018 (Inaf), realizada pela Ação Educativa e pelo Instituto Paulo Montenegro.
No que diz respeito à população na faixa etária entre 25 e 64 anos cujas mães não tiveram nenhuma escolaridade, quase metade não tem trabalho remunerado. Na outra ponta, 78,8% daqueles cujas mães têm ensino superior completo ou incompleto estão trabalhando.
De acordo com o estudo O Peso do Passado no Futuro do Trabalho: a Transmissão Intergeracional de Letramento, 60% dos filhos de mães sem escolaridade são considerados analfabetos funcionais. Esses filhos também têm maior dificuldade para lidar com interfaces digitais, cada vez mais utilizadas no mundo do trabalho: metade deles não consegue realizar depósitos ou saques em caixas eletrônicos, ou consegue com dificuldade.
O pesquisador do Ipea Luís Cláudio Kubota ressalta no estudo que, em 1970, cerca de um terço da população brasileira era analfabeta, enquanto 29% eram analfabetos funcionais em 2018. E a alta escolaridade não significa alta proficiência: um quarto dos brasileiros com nível superior tem nível elementar de letramento – a pesquisa considera os níveis proficiente, intermediário, elementar, rudimentar e analfabeto. “Essa baixa qualificação de parcela tão significativa da população ajuda a explicar a situação de altas taxas de desemprego e subemprego que enfrentamos no momento”, afirma o documento.
O estudo também alerta para o alto impacto social que o analfabetismo funcional produz, como baixos indicadores de saúde, maior dependência de programas de assistência social, maior envolvimento com o crime e baixa autoestima. A análise do Ipea recomenda atenção especial às famílias mais vulneráveis, com a ampliação do acesso e da permanência das crianças na educação infantil e integral, de modo que haja menos defasagens em relação àquelas vindas de ambientes familiares onde o nível cultural é maior.

Ipea

 

Redação

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