AGRONEGÓCIO

CNA indica queda das exportações de frutas e aumento da demanda chinesa por carne

As exportações brasileiras de frutas apresentaram quedas de 13% na receita e 5% em volume no primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período de 2019.
É o que relata o boletim semanal da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), que traz o comportamento das principais culturas durante a pandemia no período de 6 a 10 de julho.
A queda é resultado da redução de voos imposta pelas restrições provocadas pela Covid-19. O modal aéreo é o principal meio de transporte utilizado para o embarque de frutas para o mercado internacional.
No setor sucroenergético, houve ligeira recuperação dos preços do etanol, diante do comportamento do petróleo no mercado internacional, que motivou a valorização de 5% do preço da gasolina vendida pela Petrobrás em suas refinarias.
No mercado internacional, um dos destaques é o aumento das importações de carne. Do Brasil, chegaram ao porto de Xangai 136 mil toneladas de carne nos cinco primeiros meses de 2020, mais do que o dobro do volume ingressado em 2019. Este volume correspondeu a 34,5% do total das importações de carne transitadas pela cidade chinesa.
Inspeção nas indústrias
Esta semana a Presidência da República publicou o Decreto nº 10.419/2020, que permite a ampliação do quadro de profissionais aptos a realizar inspeção nas indústrias, o que dará celeridade aos processos de inspeção, mantendo a garantia do atendimento à inocuidade do produto e os acordos sanitários firmados. A medida atende um antigo pleito do setor produtivo.
Com a publicação, o serviço oficial brasileiro contará com reforços para a rotina de inspeção ante e post mortem para atender à demanda crescente pela abertura de novas indústrias e as solicitações de turnos extras de abate. Os auditores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) continuam responsáveis pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), atuando na supervisão e coordenação dos trabalhos.
Recursos genéticos e biodiversidade
Também nesta semana, foi aprovada, na Câmara dos Deputados, a ratificação do Protocolo de Nagoya, permitindo que o Brasil participe das decisões tomadas na Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica. O protocolo foi assinado por cerca de 100 países e entrou em vigor em 2014, mas só terá validade para o Brasil a partir dessa ratificação.
Essa aprovação permitirá que Brasil continue fazendo uso dos recursos genéticos já tradicionalmente utilizados pela agropecuária, bem como garante a repartição dos benefícios provenientes dos recursos genéticos nativos da biodiversidade brasileira. A CNA sempre atuou por esse feito, já que essa ratificação trará segurança jurídica na utilização dos recursos genéticos.
Frutas e Hortaliças
As exportações brasileiras de frutas apresentaram queda de 13% em receita cambial e 5% no volume em 2020 frente ao primeiro semestre de 2019. A queda é resultado das dificuldades de exportação pelo modal aéreo e demanda limitada em todo o mundo devido às medidas de contenção impostas pela pandemia da Covid-19.
No entanto, os produtores se preparam para o segundo semestre, quando a oferta e demanda de frutas aumenta e as exportações comumente se intensificam.
Em estados como Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia e Espírito Santo, apesar das restrições e dos cuidados para reduzir a disseminação da Covid-19, a retomada da comercialização da produção agrícola está próxima da normalidade.
Commodities
Para o setor sucroenergético, a leve recuperação dos preços do etanol está atrelada ao comportamento do petróleo no mercado internacional, que motivou a valorização nacional em 5% do preço da gasolina vendida pela Petrobrás em suas refinarias. E para o açúcar, mesmo com a retração na demanda pela pandemia, os preços permanecem em alta devido à entressafra na produção da Tailândia e da Índia.
No setor cafeeiro, sindicatos e cooperativas relatam menor disponibilidade de mão de obra nas regiões de colheita manual. No entanto, as restrições de trabalhadores não têm impedido o desempenho da colheita, que apesar do atraso em função do clima encontra-se regular.
Na Bahia, mesmo diante da crise, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb) e o Sindicato dos Produtores Rurais de Teixeira de Freitas estão promovendo a realização do Concurso de Qualidade Conilon do Extremo Sul do estado. A Federação lançou, ainda, uma série de vídeos titulada “Agronegócio em tempos de Covid-19”, com dicas práticas para que o produtor se proteja do coronavírus e garanta o sucesso de sua produção.
Aves e suínos
A demanda por frango permanece em recuperação com a reabertura do comércio e os produtores começam a planejar a retomada dos alojamentos. Com isso, o preço do frango de corte pago ao produtor em São Paulo segue estável, a R$3,60/kg, representando uma alta de 2,9% em relação ao mês passado e acréscimo de 9,1% em relação ao mesmo período de 2019. Há incertezas, entretanto, em relação à disponibilidade de ovos para incubação, o que pode restringir a oferta de produto nos próximos meses.
Além da reabertura do comércio em algumas regiões, a chegada do inverno tem favorecido o consumo de carne suína. Logo, o mercado de suínos independentes apresentou nova alta nas bolsas de Minas Gerais (+15%), Santa Catarina (+11%), São Paulo (+16%), Paraná (+6%) e Rio Grande do Sul (+5%).
Já para o produtor de ovos, a entrada do mês e a recuperação do poder de compra dos consumidores culminaram com a recuperação de 15% no preço da caixa de 30 dúzias no mercado referência do interior de São Paulo, sendo cotado a R$ 80,00.
Lácteos
A demanda interna por lácteos segue alta, já que até então não foi afetada pela nova onda de fechamento dos comércios em alguns municípios. Diante disso, os preços ao produtor seguem satisfatórios nas principais regiões produtoras.
No mercado internacional, a principal plataforma global de negociações de lácteos (Global Dairy Trade) realizou seu último leilão no dia 07/07, registrando alta nos valores de 8,3% em comparação ao evento anterior do dia 16/06, sendo a maior variação positiva desde o início do ano. O destaque foi para o leite em pó integral com aumento de 14%, sendo negociado a US$ 3.208,00/ton, em conversão direta para o real, R$ 17.226,98/ton. Essa valorização reduziu a diferença entre o valor do leite em pó nacional, que está apenas 8% mais caro que o produto internacional. Esse cenário é positivo para os produtores brasileiros, pois desestimula a importação de leite e permite a volta dos grandes compradores e melhores negócios aos laticínios.
Boi Gordo
O governo chinês impediu a exportação de carne de seis frigoríficos brasileiros, devido aos casos positivos em funcionários, fato que já vem sendo resolvido pelas indústrias perante o cumprimento das recomendações conjuntas dos Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Saúde e Economia.
No Mato Grosso, apesar da investigação do Ministério Público do Trabalho sobre as condições de trabalho em mais dez processadores de carne após a confirmação de casos de Covid-19 entre funcionários, a conclusão foi pela não necessidade de interrupção das atividades devido às ações tomadas pelas indústrias quanto ao isolamento dos funcionários e demais medidas preventivas.
Quanto ao mercado físico, a falta de animais prontos para abate manteve o preço da @ próxima a R$ 220,00, com negociações superando R$ 225,00. Apesar disso, a indústria vem tentando impor quedas, influenciando inclusive as cotações no mercado futuro que se desvalorizaram durante a semana.
Já o varejo continua exercendo preços superiores ao início da crise, com cortes de segunda em torno de R$ 20,00/kg. Além disso, a média de preço da carcaça casada, em julho, já supera os valores do início da pandemia, sinalizando que a demanda doméstica por carne se mantém aquecida, mesmo com a elevação do preço ao consumidor.
Cenário Internacional
Mercados selecionados
União Europeia
– A Comissão Europeia adotou um pacote adicional de medidas excepcionais de apoio ao setor vitivinícola, que está entre os mais atingidos pela pandemia, devido às rápidas mudanças na demanda e ao fechamento de restaurantes e bares em toda a UE. Essas medidas incluem a autorização temporária para que os operadores se organizem no mercado e o aumento da contribuição da UE para os programas nacionais de apoio ao vinho (European Commission, 07 de julho de 2020);
– A trader holandesa Louis Dreyfus Co (LDC) anunciou, em seu relatório de sustentabilidade, que já rastreava cerca de 30% da soja importada do Brasil, em 2019, e se comprometia a aumentar esse potencial para 50% (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE;
– A Comissão Europeia aprovou pacote de ajuda econômica de 6,2 bilhões de euros para apoiar pequenas empresas e trabalhadores independentes da Itália, afetados pela pandemia (European Commission, 08 de julho de 2020);
– Foram aprovados os planos alemães para estabelecer um fundo com um orçamento de até 500 bilhões de euros para fornecer garantias e investir através de instrumentos de dívidas e patrimônio em empresas afetadas pela pandemia. O plano foi aprovado no âmbito do quadro temporário de auxílio estatal (European Commission, 08 de julho de 2020).
China
– De acordo com o “China’s Dairy Product Outlook Report 2020-2029″, o consumo de produtos lácteos na China foi de 49,5 milhões de toneladas em 2019, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. O consumo per capita ainda é relativamente baixo, de aproximadamente 35 kg por ano. O relatório estima que a mudança de hábitos alimentares, a elevação da renda e a maior preocupação com a saúde levarão ao aumento na demanda chinesa por produtos lácteos, devendo chegar a 50,9 milhões de toneladas em 2020 e 65,9 milhões em 2029 (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– O leite fresco e o iogurte representaram mais de 80% do consumo de laticínios em 2019. Segundo o USDA, leite pasteurizado e produtos lácteos “secos”, como manteiga e queijo, deverão liderar o crescimento na demanda, à medida que a população chinesa continua a urbanizar-se e a desenvolver novos hábitos de consumo. (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– Segundo dados da Administração-Geral de Aduanas da China (“General Administration of Customs of the PRC” – GACC), as importações de produtos lácteos (incluindo fórmula infantil) corresponderam a USD 11,1 bilhões (2,97 milhões de toneladas) em 2019, um aumento de 10,8% (12,8% em volume) em relação ao ano anterior. Leite fresco e leite em pó utilizados como matéria-prima tiveram a maior taxa de crescimento: 32,3% e 26,6%, respectivamente. Iogurte, fórmula infantil e queijos também apresentaram alta expressiva nas importações, de 9,3%, 6,9% e 6,1%, respectivamente (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– De acordo com a consultoria Chemlinked, a China continuará́ abrindo seu mercado para as importações de produtos lácteos nos próximos 10 anos, tendo em vista a impossibilidade de suprir a demanda doméstica e o objetivo de diversificar as fontes de importação. Atualmente, União Europeia, Nova Zelândia e Austrália suprem a quase totalidade das importações chinesas de produtos lácteos (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– Desde julho de 2019, quando o Brasil foi creditado a exportar produtos lácteos para a China, 26 empresas foram habilitadas pelas autoridades sanitárias locais. Nos formulários de habilitação, as empresas solicitaram autorização para exportar, principalmente, os seguintes produtos: leite em pó, queijo, manteiga, creme de leite, soro de leite, proteína concentrada do soro do leite, gordura do leite e leite condensado (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– Transitaram pela alfândega de Xangai, nos primeiros cinco meses deste ano, 394 mil toneladas de carne, volume 51,8% superior ao registrado no ano anterior. Quanto ao valor da mercadoria, foi orçado em US$ 2,2 bilhões, 79,8% acima do registrado no mesmo período em 2019. Brasil, Argentina e Austrália seriam as principais origens dessas importações. Só do Brasil teriam entrado por Xangai 136 mil toneladas de carne, mais do que o dobro do volume ingressado em 2019, quantidade que correspondeu a 34,5% do total das importações de carne transitadas por Xangai. (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– Após o surto de novos casos no mercado Xinfadi, o porto de Tianjin reagiu imediatamente e submeteu a testes todos os contêineres procedentes do exterior, resultando em grande demora para a liberação dos produtos. Procedimentos similares, com a mesma intensidade, não foram, contudo, reportados em Xangai. Em síntese, de acordo com representantes de empresas locais importadoras, não estariam sendo registrados atrasos significativos na entrega de carnes brasileiras. (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– A trader chinesa Cofco International Ltd anunciou, em seu relatório de sustentabilidade, o compromisso de que, até 2023, toda a soja importada do brasil seja “totalmente rastreável”. (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE).
Taiwan
– O “Instituto Americano em Taiwan (AIT)” e seu equivalente em Washington, o “Escritório de Representação Econômica e Cultural de Taipei nos EUA (TECRO)”, anunciaram recentemente que teriam assinado novo acordo de equivalência de produtos orgânicos, que permitem às partes a livre comercialização de produtos com essa certificação em ambos os mercados. Por ocasião da assinatura do instrumento de equivalência, ambos os mercados poderão se beneficiar da expansão do comércio de frutas frescas, vegetais e alimentos processados. O instrumento também deverá contribuir para a diversificação de oportunidades de acesso a mercado para produtos de origem animal (carne bovina, sobretudo) com certificação orgânica. O acordo, igualmente, permitirá que os processadores de alimentos orgânicos norte-americanos adquiram ingredientes orgânicos certificados em Taiwan, aumentando a gama de produtos dessa qualificação disponíveis para os consumidores (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE);
– Desde que a “Lei de Promoção da Agricultura Orgânica” entrou em vigor em Taiwan, em 30 de maio do ano passado, outros quatro países, além dos EUA, assinaram acordos dessa mesma natureza. O Japão foi o primeiro, em outubro passado, seguido pela Nova Zelândia, Austrália e Canadá. Note-se que Taiwan reconhece atualmente a certificação orgânica emitida por 22 países, entre os quais, para além dos já mencionados, o Chile, a Suíça e 16 membros da União Europeia (Divisão de Promoção do Agronegócio-II (DPA-II) – MRE).
OMC
– Oito países estão na disputa para suceder o brasileiro Roberto Azevêdo na direção da Organização Mundial do Comércio (OMC). A expectativa é que a Diretoria-Geral da entidade venha a ser ocupada por uma mulher (Valor, 09 de julho de 2020).
OCDE
– Nesta quinta-feira, a OCDE informou que houve melhora significativa no mês de junho nas economias globais. No entanto, a Organização faz uma ressalva de que a recuperação continua frágil, com a persistência de incertezas sobre a possibilidade de futuros “lockdowns”, ou seja, paralisia total das atividades. A China, primeiro país atingido pelo vírus, destaca-se na recuperação, aparecendo como o único com “sinais de crescimento recobrando o impulso”. O indicador da OCDE procura prever momentos de virada da atividade econômica em relação a sua tendência com seis a nove meses de antecedência. Contudo, a entidade alerta que o mecanismo não deve ser visto como medida do grau de contração da atividade econômica, mas sim como uma indicação “da força do sinal” (Valor, 09 de julho de 2020).

CNA

 

Redação

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