MARKETING E COMUNICAÇÃO

Marketing: Pensar dói e dá trabalho

Eloi Zanetti
Certa vez ouvi o jornalista Juca Kfuri explicar o procedimento tático da nossa seleção: “Aqueles dois que estão lá na frente são apenas carregadores de bola. A seleção precisa é de jogadores pensadores e não de carregadores de bola.” Saudades do Gerson e do Didi, eles, sim sabiam conduzir as partidas com inteligência – jogadores estrategistas fazem uma diferença enorme no jogo.
O rei do boxe Cassius Clay era outro estrategista refinado, fez uma brilhante carreira vencendo lutadores muito mais fortes do que ele pensando em como iria conduzir suas lutas. E na Fórmula Um não vi ninguém pensar melhor a corrida e o campeonato do que Emerson Fittipaldi.
E nas empresas será a mesma coisa? Sobram títulos de MBAs, doutores e especialistas – faltam pensadores. Onde estão os pensadores das empresas, os estrategistas? Num momento em que sobram títulos de MBAs e diplomas de doutores, faltam pensadores, principalmente, os do óbvio e da simplicidade. Vi uma empresa sofrendo constantes prejuízos na entrega dos seus produtos, porque os carregadores de caminhão, freteiros, pisavam em cima das caixas e quebravam algumas peças.
Compradores e vendedores estavam roucos de tanto clamar por uma solução, mas nada. Ninguém se dava ao trabalho de pensar em resolver o problema. Depois de muito tempo recolhendo produtos quebrados das lojas, passando por todo o processo de devolução e prejuízos enormes, o presidente da empresa se dispôs a ir à linha de produção e em cinco minutos encontrou a solução. Apenas um calço, um simples calço, no lugar certo resolveu de vez o assunto. Será que ninguém poderia ter pensado nisto antes? Uma solução tão óbvia.
Quando você pede para alguém pensar por você está transmitido poder a ele. A maior parte das pessoas tem preguiça de pensar e delega esta tarefa para outros porque pensar exige concentração, disposição para a criatividade, dá trabalho e cansa. Então se voltam para a ação e não para a atividade do pensar. Pular de uma atividade que exige ação para a atividade do pensar é como pular de uma esteira rolante para o chão fixo. Você cai.
Um dos limitantes nas atividades do pensamento no ambiente empresarial é a interrupção contínua do trabalho que está sendo realizado. Sempre há alguém ou algum assunto para nos tirar da linha do pensamento. São os telefones, os visitantes, as reuniões e as redes sociais. Ora, nosso cérebro funciona como um circuito elétrico e cada vez que você corta o fluxo ele tem que voltar e fazer tudo de novo, ligar as sinapses na ordem do raciocínio interrompido e recomeçar a trilha.
Por isso, se você quer ser um pensador, procure isolamento, aprenda a arte da concentração e peça para não te interromperem. Quando for trabalhar numa estratégia, seja ela de vendas, de marketing ou de produtos procure o delírio, isto é, pense sobre tudo o que for possível e impossível. É na quantidade que você vai chegar à qualidade.
Thomas Edison, um grande pensador, dizia: para se ter uma boa ideia tenha muitas. Gerentes e pequenos empresários mais focados na ação do que na estratégia do negócio. Tenho observado que gerentes, pequenos e médios empresários ficam mais focados nas atividades que exigem ação e acabam por não ter tempo nem energia para pensar nas estratégias de vendas e de negócios. É justamente no trabalho da estratégia que serão julgados.
Os temas inovação e criatividade estão com toda força no ambiente empresarial. E só se faz inovação em uma empresa se ela souber atrair bons pensadores e criativo. Se alguém gosta de pensar e propor soluções inovadoras onde trabalha e não tem o merecido apoio, com certeza irá sair da empresa e mudar e com certeza para a concorrência. E aí é que está o grande desafio – saber reter boas cabeças no seu time.

 eloizanetti@gmail.com

Redação

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